Uso do Adubo Orgânico Bokashi em Orquídeas - Como Produzir o Adubo Bokashi em Casa - Meios de Produzir o adubo Bokashi - EM ou Kefir.
Nossas orquídeas merecem o que há de melhor para seu
desenvolvimento e saúde, é o que promete um fertilizante orgânico de origem
japonesa que dá vigor e saúde as plantas, que tem sido grandemente empregado
pelos japoneses há milênios com bons resultados na cultura de orquídeas e
tantas outras culturas. Trata-se do bokashi, que significa “matéria orgânica
fermentada”. Aqui no Brasil a introdução do adubo bokashi foi introduzida pelos
japoneses que vieram da imigração do século XX.
O adubo bokashi é um composto
altamente nutritivo que melhora as condições biológicas do solo e a
disponibilidade de nutrientes para as plantas, no caso das orquídeas equilibra
o substrato com microrganismos benéficos a saúde das raízes e disponibiliza
nutrientes de forma adequada e com qualidade nutricional desde macros
nutrientes a micro nutrientes que as orquídeas precisam para seu bom
desenvolvimento.
Hoje o bokashi tem sido muito utilizado na agricultura
orgânica e no mercado tem alcançado um preço elevado pelo quilo do produto, mas
pode se produzido em sua casa para atender a sua demanda de adubo para suas
orquídeas a um preço que pode chegar a dez por cento do valor que é encontrado
nos mercados.
O que é bokashi?
É um composto formado pela mistura balanceada de matérias
orgânicas de origem vegetal e ou animal, submetidas a processo de fermentação
controlada.
A fermentação ocorre no processo da elaboração do bokashi é
predominantemente láctica, porém ocorrem, simultaneamente, em pequenas
proporções, as fermentações acética, alcoólica, propiônica e butírica.
O adubo bokashi disponibiliza os nutrientes sob a forma de
quelatos orgânicos, ou seja, estão presos nas estruturas orgânicas e têm a
vantagem de não se perderem facilmente por volatilização ou lixiviação
(carregados pela água da rega) após a aplicação.
O bokashi é produzido a partir de uma mistura de materiais,
como folhas decompostas, farelo de trigo ou arroz, melado, soro de queijo, pó
de rocha, fosfato e farinha de osso ou de peixe. Essa mistura resulta em um
composto orgânico de qualidade que pode adubar hortas, lavouras, pomares e
jardins.
Ele pode substituir outros tipos de adubos orgânicos e também os
adubos químicos solúveis, mas geralmente é usado como complemento na
fertilização.
Como produzir o
bokashi?
Para produzir o bokashi exige além de matéria orgânica
balanceada, o uso de fermentos biológicos que podem ser feitos a partir de
captura em solos de mata, ou através de outros fermentos conhecidos para
produção de alimentos fermentados, ou ainda por produtos comerciais conhecidos
como aceleradores de compostagem.
Existem diversos tipos de fermentos ou microrganismos que
fazem o tipo de fermentação adequado para a produção do bokashi. Veremos alguns
a seguir.
EM - É a
abreviatura de Effective Microorganisms ou Microrganimos Eficazes. A tecnologia
por traz da produção deste fermento foi trazida pela Fundação Mokiti Okada, na
década de 80, sendo hoje utilizada atualmente com diversos objetivos ao redor
do mundo. É oriunda de pesquisas desenvolvidas pelo professor Dr. Teruo Higa,
da Universidade de Ryukyus, no Japão.
O EM é formado por um aglomerado de microrganismos
encontrados naturalmente em solos férteis e em plantas que coexistem em meio
líquido. Alguns desses microrganismos são conhecidos há milhares de anos e
utilizados na fermentação e conservação dos alimentos. Os quatro principais
grupos de microrganismos que compõem o EM são:
. Leveduras -
muito utilizada na fermentação para a produção de cerveja, vinho, cachaça e
como fermento de pães, entre outros. As leveduras encontradas no solo utilizam
os açúcares e outras substâncias liberadas pelas raízes das plantas, sintetizam
vitaminas e outras substâncias úteis, além de ativarem outros microrganismos do
solo. As substâncias bioativas, como hormônicos e enzimas produzidas pelas
leveduras, também atuam como promotores de crescimento nas raízes. Elas
produzem um ambiente necessário à reprodução de outros microrganismos benéficos,
tais como bactérias láticas e actinomicetos.
. Actinomicetos -
É considerado um fungicida e bactericida natural por controlar fungos e
bactérias patogênicos. Produzem substâncias úteis a outros organismos
benéficos, como bactérias fixadoras de nitrogênio de vida livre e as micorrizas
que disponibilizam alimentos para as raízes das orquídeas e as fortalecem.
. Bactérias
produtoras de ácido lático - Muito consumida por nós e empregada em larga
escala na produção de iogurtes, queijos, vinagres. No solo, transformam os
açúcares excretados pelas plantas e por bactérias fotossintetizadoras em ácidos
orgânicos que controlam alguns microrganismos nocivos, como Fusarium e outros
fungos que causam apodrecimento das raízes e plantas. Pela fermentação da
matéria orgânica, produzem diversas substâncias nutrientes para as plantas.
Também conseguem solubilizar a matéria orgânica de difícil decomposição, como a
lignina e celulose, e eliminam vários efeitos nocivos da matéria orgânica não
decomposta.
O EM é encontrado em lojas de produtos agropecuários com o
nome comercial EMBIOTIC pela Korin Meio Ambiente – KMA
Método caseiro de
preparar o fermento EM.
Primeiro é necessário capturar os microrganismos encontrados
em matas, e para isso, será necessário seguir algumas etapas que veremos a
seguir.
Cozinhe aproximadamente 700 g de arroz sem sal e sem óleo.
Coloque o arroz cozido em uma bandeja de plástico ou de
madeira, ou ainda em calhas de bambu.
Cubra a bandeja com uma tela fina que pode ser de tecido de
TNT, visando proteger o arroz.
Coloque a bandeja sobre o solo, sob a mata, próximo a sua
borda. Retire a matéria orgânica composta de folhas em decomposição (serapilheira)
embaixo da bandeja e coloque sobre a tela, sobre o arroz.
Após 10 a 15 dias, observe o arroz, que deverá estar mofado,
com bolores de diversas cores.
Retire as partes mofadas de coloração rosada, azulada,
amarelada e alaranjada para fazer o EM. Descarte as partes de coloração cinza,
marrom e preta.
A coloração do arroz varia em função da mata onde foram
capturados os microrganismos. Quanto mais diversificada e estruturada for à
mata, maior diversidade de cores estará presente.
Agora com os microrganismos em mãos siga o próximo passo.
Coloque o arroz colorido em um balde com 10 litros de água
sem cloro.
Adicione 1 litro de melaço de cana ou 1 kg de açúcar
mascavo.
Coloque a mistura em um recipiente de 10 litros com tampa ou
divida em 5 garrafas PET de 2 litros e feche bem. A cada dois dias abra a tampa
para sair o gás produzido e feche a tampa novamente.
Quando não houver mais produção de gás, o EM estará pronto
(isso ocorre, em geral, entre 10 e 15 dias).
O açúcar ou melaço podem ser substituídos por caldo de cana,
na quantidade de 5 litros de caldo para 5 litros de água. A água deve ser limpa
e sem cloro.
O EM deve ser armazenado em local fresco e escuro e pode
durar até 1 ano. O cheiro é doce e agradável, de fermentação lática e acética,
e tem coloração alaranjada. Caso esteja com cheiro de podre, não deverá ser
usado.
Outro fermento que substitui o Em e pode ser empregado na
produção do bokashi é o Kefir, que é uma bebida dos povos Cáucaso e difundida
para o restante do mundo a partir do século XX. O nome Kefir significa
bem-estar, vida saudável, pois auxiliar no equilíbrio da flora intestinal
promovendo um bem-estar, daí seu nome.
O Kefir é constituído, principalmente, por diversas espécies
de leveduras e de bactérias láticas, que coexistem em associação simbiótica,
produzindo uma espécie de gel chamado de grão de Kefir, formado por uma matriz
de polissacarídeos e proteínas. Esses grãos são utilizados na multiplicação do
Kefir, que pode ser feito a partir da fermentação de leite de diversos animais,
leite de coco, leite de soja, suco de frutas e solução de açúcar mascavo ou
melaço.
Seu uso vem sendo testado e indicado na produção de adubos
orgânicos fermentados como o bokashi e para a melhoria da sanidade ambiental e
animal na agropecuária. Existem poucos estudos sobre a sua utilização para esse
fim, porém já existem resultados preliminares e práticos que atestam a sua
viabilidade.
No caso do uso para fermentação do bokashi, utiliza-se uma
solução de Kefir feita a partir de água e açúcar mascavo ou melaço. Os grãos
podem ser adquiridos por doação através de diversos sites na internet.
Modo de preparar o
fermento a partir do Kefir.
Multiplique o Kefir até conseguir uma quantidade suficiente
de grãos. Para cada litro de água, utilize 3 colheres de grãos de Kefir e 3
colheres de açúcar mascavo.
Coloque os materiais em vidro de boca larga e tampe com
papel de filtro, para evitar o aparecimento de formigas ou moscas.
Para uso na agricultura, deixe fermentar por uma semana. Ao
final do processo, não deverá haver mais açúcar na solução, o que pode ser
comprovado experimentando-a e verificando seu sabor ácido (o tempo de
fermentação para uso humano é diferente do tempo para uso na agropecuária e
deve ser consultado em sites sobre o assunto).
Coe os grãos de Kefir para novos usos (mantenha o Kefir
sempre ativo, trocando a solução fermentada por uma nova solução de água e
açúcar). Utilize água potável de boa qualidade e sem cloro.
Para cada 10 kg de bokashi produzido, serão necessários 200
ml de solução de Kefir coado, sem os grãos.
Matérias primas para
fabricação do bokashi.
As matérias-primas recomendadas para se fazer o bokashi são
os farelos de diversos cereais (arroz, trigo, cevada), as oleaginosas (soja,
amendoim, mamona) e as farinhas de origem animal (peixe, carne e osso).
As cascas de arroz, café e soja podem ser utilizadas, desde
que não ultrapassem 15%.
A composição dependerá muito do material disponível na
região, podendo-se fazer um bokashi mais caro ou mais barato, dependendo da
matéria-prima.
A seguir, são
apresentadas as porcentagens de cada tipo de material.
Farelos de cereais: Farelos de arroz; de trigo; de cevada
etc. de 50% a 60%.
Tortas de oleaginosas: Torta de mamona; de soja; de
girassol; de algodão; de dendê etc. 35% a 40%.
Outros materiais vegetais: Palhas e cascas trituradas;
resíduo de banana, aipim e outros resíduos de agroindústria; fubá e outras
quirelas de grãos triturados no máximo 15%
Materiais de origem animal: Farinha de carne e osso; farinha
de peixe no máximo de 3%
Minerais: Calcário; fosfato natural; pó de pedra no máximo
de 2%
Preparo:
O material seco deve ser pesado e misturado. Em seguida,
acrescenta-se a solução com o fermento. A mistura tem que fica bem
homogeneizada.
Um dos segredos para a fabricação do bokashi é fazer uma boa
homogeneização da solução na mistura de farelos.
A fermentação pode ser feita de duas maneiras: de forma
aeróbica (com a presença do ar) ou de forma anaeróbica (sem a presença do ar).
Neste último caso, o nome passa a ser Kenki-bokashi, em japonês.
Apresentam-se, a seguir, as duas formas de preparar o bokashi.
bokashi Aeróbico - é
o bokashi feito em presença de ar. Fica pronto em 7 dias.
Necessita piso liso e local coberto para não molhar em caso
de chuva.
Os ingredientes são misturados dispostos em formato de
canteiro com no máximo 30 cm de altura.
Cobre-se a mistura com os próprios sacos dos farelos, para
que o material comece a fermentar e não resseque.
A temperatura não deve ultrapassar os 50ºC, devendo ser
revirado com pá ou enxada toda vez que passar dos 45ºC.
Deve-se revirar o canteiro a partir do segundo dia até o
sétimo dia.
A partir do terceiro dia, normalmente não é mais necessário
cobrir o canteiro do bokashi com os sacos dos farelos.
A partir do quarto dia, deve-se baixar a altura para 10 cm e
revirar a cada dia para que o material fique seco, finalizando com 5 cm de
altura no sétimo dia e estando o material bem seco.
bokashi Anaeróbico - utilizam-se:
10 quilos de material seco.
30 ml de microrganismos eficientes ou 300 ml de Kefir.
300 ml de melaço ou 30 gramas de açúcar mascavo.
Completa-se com água até chegar a 3 litros.
bokashi Anaeróbico (Kenki-Bokashi) - é feito sem a presença
de ar. Normalmente, fica pronto em 21 dias (exceto em locais de clima muito
quente, onde fica pronto em 15 dias).
Pode ser feito em local descoberto, sobre uma lona, desde
que não esteja chovendo, mas precisa ser armazenado em local protegido.
bokashi Aeróbico - utilizam-se:
10 quilos de material seco.
15 a 20 ml de microrganismos eficientes (ou 200 ml de
Kefir).
15 a 20 ml de melaço ou 15 a 20 gramas de açúcar mascavo.
Completa-se com água até chegar a 1,5-2 litros, dependendo
da necessidade.
Em ambos os casos, mistura-se bem o material, colocando a
água aos poucos, de preferência com um regador, pois os materiais podem não
absorver a água de forma homogênea. Faz-se uma revirada do material a cada
regador com a solução de fermento. É preciso paciência para conseguir uma boa
homogeneização da umidade no material. Sabe-se que a umidade da mistura do bokashi
está correta quando ele é apertado com a mão e se forma um torrão que se desfaz
facilmente.
Depois de pronto deve ser guardado em potes de plástico.
Após 21 dias, está pronto para o uso. Fechado, ele pode
durar até um ano.
Qual a dose
recomendada de bokashi para as orquídeas?
A dose recomendada e de uma colher de sopa para dois meses.
A adubação pode ser realizada espalhando o adubo na parte
traseira e dianteira da planta o que não se deve com outros tipos de adubos
orgânicos.
Poderá também fazer uma trouxinha de TNT com o adubo e deixar
sobre a parte dianteira da planta.
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