HISTÓRICO DA ORQUÍDEA

     
      Ao longo do tempo a orquídea teve seu papel na medicina popular, na culinária e na história.  Influenciou reis, historiadores, pesquisadores, especuladores e colecionadores.        
     “Ao maior dos reis, leve um buquê de orquídeas.”
      A frase acima teria sido dita no ano 900 e tanto antes de Cristo, por uma escrava BELKISS, a rainha de SABÁ ou SHEBA, preocupada em escolher um presente à altura de SALOMÃO, rei de ISRAEL.
      Alguns anos depois, as orquídeas recebiam elogios também de CONFÚCIO, sábio chinês nascido em 551 a.C., que não resistindo ao perfume de uma destas flores, deixou registrado em seus escritos: “ran exala perfume de reis”. É com o nome de ran ou também de lan, que as orquídeas aparecem na literatura do extremo ORIENTE. Por volta do ano 300, inclusive, um ministro chinês de nome KIHAN fez referências escritas a duas orquídeas que, pela descrição, parecem ser o CYMBIDIUM ensifolium e o DENDROBIUM moniliforme. Já no OCIDENTE, o interesse era meramente medicinal. Na Grécia, por exemplo, registros dão conta que, no tempo de PÉRICLES, um surto de cólera teria sido debelado com infusões de tubérculos da ORCHIS morio. TEOFRASTO, aluno de ARISTÓTELES, também falou das orquídeas em seus trabalhos. Foi ele, aliás, quem batizou o gênero ORCHIS - que em grego significa “testículos” – em alusão ao par de tubérculos das espécies que vegetavam às margens do MEDITERRÂNEO.
     Tubérculos de orquídeas deste gênero e também do STYRIUM, diga-se a propósito, eram habitualmente cozidos pelos gregos e usados para fazer um caldo de nome SALEP, tido como poderoso afrodisíaco. 
     A partir de 1450, quando GUTENBERG inventou os tipos móveis e imprimiu os primeiros livros, na EUROPA começaram a surgir publicações falando de orquídeas.
     Mas foi só 300 anos depois, mais exatamente em 1795, que o KEW GARDENS de LONDRES catalogou as primeiras 15 espécies. Um viveirista da INGLATERRA, de origem alemã, teve muito destaque nessa época. Seu nome era CONRAD LODDIGES e foi, ao que se sabe, o primeiro cultivador de orquídeas em escala comercial. Foi a ele que o naturalista JOHN LINDLEY, na época secretário da ROYAL HORTICULTURAL SOCIETY, dedicou a nossa linda CATTLEYA loddigesii, ainda hoje encontrada nativa nas cercanias de SÃO PAULO.
     CONRAD LODDIGES teve o seu papel, mas não foi o único. Na realidade, desde o século XVII que a busca de plantas ornamentais havia virado uma espécie de febre na EUROPA. Financiados pela nobreza, grandes viveiristas ou instituições científicas, naturalistas e coletores vinham para a AMÉRICA para abarrotar com plantas exóticas os porões dos navios. Cerca de 90% das plantas, é verdade, morria no caminho. Porém, as que conseguiam ser salvas costumavam fazer um sucesso tremendo. Em 1817, por exemplo, quando o imperador FRANCISCO I da ÁUSTRIA e o rei D. JOÃO VI de PORTUGAL acertaram o casamento de seus filhos, DONA LEOPOLDINA e DOM PEDRO, uma das primeiras providências foi despachar para o BRASIL o naturalista alemão CARL VON MARTIUS. Ele aqui esteve entre 1817 e 1820, e percorrem os estados de SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, MINAS GERAIS, BAHIA, PERNAMBUCO, CEARÁ, PARÁ e AMAZONAS, numa longa expedição científica. Os resultados deram origem ao livro “VIAGEM PELO BRASIL”, e à monumental obra de 15 volumes e mais de 20 mil páginas chamada “FLORA BRASILIENSIS”.
     Outros naturalistas europeus aqui também estiveram. Entre eles REGNELI, REICCHEMBACK, SCHLECCHTER e PETER LUND, que até morou em LAGOA SANTA, MG, de 1825 a 1880. E ainda o coletor SELLOW, que morreu afogado no RIO DOCE, no mesmo estado, em 1831. São realmente um tanto sombrias as notícias daquela época. Devido ao despreparo e a ambição desmedida dos coletores de plantas, preocupados em tirar o maior proveito possível do preço excepcional que as orquídeas alcançavam na EUROPA, chegou-se ao absurdo de despachar, de uma única vez, do porto de RECIFE, 50.000 exemplares do ONCIDIUM marshallianum – que acabaram morrendo na longa viagem.
     Muitos exploradores ambiciosos destruíam uma grande área sem deixar qualquer vestígio de um exemplar novo que pudesse alcançar grande valor, para que outros não tivessem a sorte de encontrar e se tornarem concorrentes.

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